Ansiedade.

A ansiedade e as demandas cotidianas.

Ansiedade - como não senti-la?

Necessitamos ansiar para colocar a vida em marcha, para dar movimento e fluxo aos nossos projetos e desejos.

Muitos dirão que a ansiedade já há algum tempo subiu de “tom” para a maioria da população em função do ritmo acelerado de compromissos e avanços tecnológicos cujo desenvolvimento nem sempre conseguimos acompanhar e também a ânsia por entendê-los e aplicá-los. Buscamos ferramentas para nos auxiliar para poder assumir mais compromissos – aplicativos que nos organizam, nos lembram de tudo até de tomar água! Usamos aplicativos para “conversar” na verdade gravamos mensagens de áudio para ganhar tempo e fazer ainda mais daquilo tudo que produz ainda mais ansiedade!

Entendemos que o cérebro é um órgão que tem uma excelência e superioridade e deve ser utilizado para tarefas mais elaboradas ou então ser presenteado com momentos de lazer e cultura. Mas mesmo assim somos invadidos por picos de ansiedade ou até desenvolvemos quadros de sofrimento psíquico onde a ansiedade é o sintoma principal. Quem são os vilões? As demandas que nos endereçam a todo instante e que queremos atender? Os nãos que não aprendemos a dizer? Ou ainda a vida que mais acelerada ao menos nos grandes centros urbanos onde também estamos limitados no que diz respeito à mobilidade que nos paralisa em tantos momentos dificultando a chegada ao desejado descanso ou quem sabe nem tão representativo assim enquanto conforto e lazer...

A busca por conforto emocional, por lazer é constante. As frequentes demonstrações de pessoas que tentam viver com menos – menos pertences, menos espaço, menos consumo...em busca de menos ansiedade e maior bem estar físico e mental. Os livros sobre como controlar a ansiedade, depoimentos em sites, filmes etc. As conversas onde o tema é como fazer para viver com menos ansiedade são lugar comum em nosso cotidiano.

E os desconfortos físicos que surgem com ela? – taquicardia, enxaquecas, gastrites e tantos outros...sim somatizamos quando ansiamos em demasia e não conseguimos acompanhar a velocidade do desejo ou a coleção de demandas que queremos ou entendemos que precisamos responder.

Voltando ao sofrimento que a ansiedade pode trazer, precisamos desenvolver medidas internas que nos protejam, que nos façam construir fronteiras para delas não passar, fronteiras que nos indiquem que do outro lado está o adoecimento psíquico, a dor, o sintoma físico e mental. Precisamos como humanidade entender de nós mesmos e escutar nossos sinais mais sutis para não adoecer. Existe tratamento para ansiedade, mas, é preciso reflexões e análises um tanto mais complexas para, depois do sucesso dos processos de tratamento, não cair na armadilha da repetição já que o ritmo externo provavelmente não vai se modificar.

Então, ansiedade de menos nos paralisa e em demasia também!

Luciane Lemos - CRP 077/06648